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As mulheres têm aversão a risco?
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Vamos falar sobre mulheres, risco e investimentos neste post. Existem muitos acadêmicos debruçados sobre o assunto… Algumas pesquisas afirmam que as mulheres têm mais aversão a risco do que os homens. Estudos recentes vêm desafiando essa conclusão.
Homens predominam entre os investidores no Brasil
Em junho de 2019, foi divulgada a proporção de homens e mulheres que investiam na Bolsa de Valores (B3) e no Tesouro Direto. Foi possível constatar o predomínio dos homens entre os investidores. Esse resultado já era esperado. Enquanto na B3, os homens representavam 78% do total de investidores pessoas físicas, no Tesouro Direto eles somavam 69%.
Com base nesses percentuais, vemos que existe um espaço significativo para que as mulheres ampliem a sua participação no mundo dos investimentos, o qual costuma ser tipicamente associado aos homens. E isso já está acontecendo! De 2002 a 2018, a quantidade de mulheres que investem na B3 cresceu a uma taxa anual de 16,8%. No caso dos homens, esse crescimento foi de 15,7%. Quando analisamos o Tesouro Direto, o mesmo movimento é observado.
As mulheres preferem títulos públicos a ações
Mas, visto que a proporção das mulheres no Tesouro Direto é maior do que na B3, é possível concluir que há uma busca das mulheres por investimentos menos arriscados. Perceba que não afirmamos que aplicar em títulos públicos é um investimento sem risco. Se o Tesouro Direto fosse composto apenas por títulos pós-fixados atrelados às variações da taxa Selic (também conhecidos por Tesouro Selic ou LFT), poderíamos fazer tal afirmativa. Mas não é o caso. Do estoque de títulos públicos emitidos ao final de junho de 2019, menos de 35% eram pós-fixados atrelados à Selic. Para os 65% do total, se o resgate for realizado antes do vencimento, o risco de perda está presente.
Considerando ainda o estoque de títulos públicos, mais de 63% do total têm o vencimento com prazo acima de cinco anos. Assim, o investidor que possui esses títulos está correndo risco por um horizonte de tempo que extrapola o curto prazo. Portanto, se o investidor compreende a natureza do investimento no Tesouro Direto, podemos assumir duas situações: (i) ele está disposto a correr risco nos títulos prefixados ou atrelados à inflação ou (ii) ele não pretende resgatar os títulos antes do vencimento. Neste caso, a rentabilidade contratada é garantida.
O investimento médio das mulheres na B3 é maior do que o dos homens
Partindo para os dados divulgados pela B3, é possível tecer alguns comentários. Embora os homens sejam preponderantes entre os investidores pessoas físicas, o investimento médio por mulher é 18% superior ao dos homens. Assim, parece que, quando as mulheres escolhem investir em renda variável, elas demonstram um apetite maior…
Outro dado interessante diz respeito à faixa etária dos investidores. Foi surpreendente perceber que a participação das mulheres é maior para aquelas que têm 56 anos de idade ou mais. Nessa faixa etária, as mulheres respondem por 28% do total dos investidores pessoas físicas (contra 22% no geral, lembram?).
E, ainda no que se refere a esse grupo, identificamos que, para cada mulher investidora, existem dois homens investidores. Por outro lado, para o restante da população de investidores pessoas físicas na B3, a cada mulher investidora, temos quatro homens investindo. Será que quanto mais velhas, maior a inclinação das mulheres para correr riscos?
Não é justo limitar a experiência da mulher no mundo dos investimentos
Este conjunto de informações nos leva a questionar se as mulheres são realmente mais conservadoras do que os homens em relação a investimentos. Barbara Stewart, em seu recente estudo Smart women and risk-taking, mencionou que “a tolerância a risco é moldada mais profundamente pela experiência de vida, personalidade, educação e/ou fatores situacionais do que pelo gênero”.
A pesquisadora sugeriu ainda que a indústria financeira adota um viés na hora de apresentar produtos de investimentos às mulheres. Simplesmente por serem mulheres, a elas é atribuído o perfil conservador. Isso implica restringi-las aos investimentos de renda fixa.
Stewart argumenta que o risco deve ser compreendido em um sentido mais amplo. Concordamos com ela! Nós, por exemplo, já trabalhamos com clientes mulheres que largaram a carreira para abrir o seu próprio negócio, mudaram de cidade, e até mesmo de país, para estudar, voaram de asa delta, trocaram o jornalismo pela nutrição, a psicologia pelo direito... Não há como negar que cada uma delas se arriscou ao fazer tais escolhas. E muito!
Portanto, ao considerarmos que as mulheres não toleram risco, estamos limitando a sua experiência no mundo dos investimentos. E isso é improdutivo! Dessa maneira, é hora de trabalhar outras abordagens no que se refere ao perfil de risco. Em nossa opinião, um bom começo é compreender o contexto de cada cliente, oferecer uma escuta verdadeira e ter atenção plena!
Categorias:Blog, Finanças pessoais
Tags:investimentos, mulheres, risco