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As lições sobre concorrência da princesinha do mar

11 de janeiro de 2019 Renata Fontes

Uma semana na praia mais famosa do Rio em pleno verão: Copacabana, princesinha do mar… E tanta coisa mudou desde que deixei o bairro, a cidade. Faz tempo! A praia de Copacabana é um mercado a céu aberto. Nela, você encontra quase tudo e, por isso, acaba sendo uma verdadeira aula sobre concorrência.

A criatividade garante o acesso do consumidor

Bom… Para quem ainda não teve a chance de pisar em suas areias escaldantes, vale fazer alguns comentários iniciais. A faixa de areia na praia de Copa (somente para os íntimos!) é extensa, o que torna praticamente impossível caminhar do calçadão até o mar descalço, das 11 da manhã até às quatro da tarde.  Por esse motivo, todos os proprietários das tendas (no popular, as tendas são chamadas de barracas…) fixadas ao longo da orla, devidamente autorizados pela Prefeitura do Rio, instalaram uma mangueira e uma bomba d’água.

A mangueira, esticada do calçadão à barraca, é repleta de furos. Por meio deles, a água, que é puxada pela bomba, molha a areia, criando uma espécie de trilha por onde os banhistas passam sem precisar de chinelos. É interessante notar que, com essa engenhoca, tais empreendedores também direcionam o público para as redondezas das suas barracas. Essa, por si só, já é uma senhora lição: para viabilizar a venda dos produtos, é fundamental garantir o acesso do mercado consumidor!

Um mercado sem diferenciação de produtos!

Mas vamos explorar um pouco mais algumas características deste empreendimento. Basicamente, o negócio pressupõe o aluguel de cadeiras de praia e guarda-sóis, além da venda de bebidas, biscoitos, sanduíches prontos, batata frita industrializada, sorvetes e artigos de conveniência. O guarda-sol é alugado por R$ 10,00. A cadeira vale R$ 7,00. Estamos em 2019 e os termômetros passam dos 40 graus. Do Leme ao Posto 3, que fica mais ou menos na metade da orla de Copacabana, existem cerca de 100 barracas.

Os termos da exploração de uma barraca estão definidos no Decreto 31.519/2009. Mas, ainda que o aluguel de um guarda-sol por uma semana seja suficiente para repor o investimento feito, é comum se deparar com produtos completamente desgastados pela ação do tempo: ferrugem na estrutura, tecido rasgado ou cheio de remendos mal feitos… Ah! Nas cadeiras, a situação não é diferente.

É curioso perceber, entretanto, que há várias praias na mesma praia. Até porque em 4 km de extensão, a depender da área que você frequenta, o mar muda e o público também. Há inúmeros empreendedores espalhados pela praia. Claramente, a grande maioria está muito distante de oferecer um serviço de qualidade. E perceber isso, sendo carioca, é lastimável. Aliás, a Prefeitura do Rio poderia implementar um programa de capacitação contínua naqueles que fazem da Praia de Copacabana o seu local de trabalho… Mas isso renderia outro post.

Qualidade no atendimento resulta em fidelização do cliente!

Não foi difícil perceber um destaque entre as diversas barracas. Trata-se do Point 49. As cadeiras e os guarda-sóis são novos ou estão bem conservados. Alguns poderiam sugerir que esbarrar com essa realidade foi pura sorte. Afinal, em algum momento, o ativo tem que ser reposto, atualizado. Mas há outros elementos que me fazem acreditar que não foi uma feliz coincidência. O entorno do Point 49 é varrido todo dia, orientalmente. As lixeiras são bem cuidadas. E cada cliente recebe um saco plástico (tudo bem que poderia ser de papel…) para depositar o lixo gerado. Nada mais sábio do que zelar pela limpeza do espaço que traz o seu sustento!

Se você pensou que o valor cobrado pelo aluguel da cadeira ou do guarda-sol naquela barraca é mais alto, cometeu um equívoco. A despeito da melhor qualidade, os preços praticados são equivalentes aos dos demais concorrentes. Afinal, os cariocas vivem uma crise econômica sem precedentes. Então, talvez você esteja pensando que a rentabilidade do Point 49 deva ser inferior.  Não me parece o caso. Por uma semana, optei por caminhar 800 metros para estar numa praia limpa e ter um pouco mais de conforto.

Isso é o que chamo de fidelização!

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Categorias:Blog, Empreendedorismo, Pequenos negócios, Serviços financeiros

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