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Ser empreendedor: oportunidade ou necessidade?

28 de janeiro de 2015 Renata Fontes

Recentemente, estive em uma feira. Não era uma feira livre, espaço bem comum nas grandes cidades, em que são vendidos legumes, verduras, frutas e peixe fresco. Mas sim um lugar em que é possível comprar brinquedos, artigos esportivos, instrumentos musicais, eletroeletrônicos, roupas. Nessa feira, onde tudo tem, esbarrei com um empreendedor do ramo de som automotivo. Conversamos um pouco sobre o negócio, as vendas, o ano…

Quando a necessidade faz a ocasião!

Pouco se falava sobre aspectos gerenciais. Para falar a verdade, o dono da banca nem tinha ideia do seu faturamento. Apesar disso ser bem mais comum do que se imagina nos pequenos negócios, eu me surpreendi ao perceber a sua capacidade de mudar[1]Não que ele esteja ganhando rios de dinheiro. Infelizmente, não me parece o caso.

O ganho, porém, é suficiente para que seu filho de 12 anos já esteja há mais tempo frequentando a escola do que o próprio pai. Isso, por si só, merece aplausos. Até porque o negócio estabelecido não tem relação alguma com a sua história profissional. Por muito tempo, esse empreendedor foi motorista. E há mais ou menos dez anos, ele se dedica a construir caixas de som para carros.

Se a mudança é inevitável, aumente suas chances de sucesso com um planejamento

Por determinado ângulo, essa capacidade de mudar é coragem, ou vontade de construir um futuro melhor. Por outro, a necessidade pode ter provocado a mudança. E nesse caso, temos o empresário por falta de opção[2]. Estou certa de que muitos empreendedores por falta de opção são bem sucedidos. Mas, sem querer ser definitiva, não acredito que isso predomine…

O fato é que, independentemente da situação, há risco envolvido. E se a mudança não trouxer um futuro melhor? E se a necessidade permanecer? Bom, se a mudança é desejada ou inevitável, planejá-la é fundamental para aumentar as chances de sucesso. Portanto, pesquise, estude, observe e converse sobre o mercado em que pretende atuar.

A criatividade do empreendedor

Não posso deixar de trazer um outro caso nesse post em decorrência de algumas coincidências. Só fui percebê-las na medida em que o escrevia… Curiosamente, essa situação também aconteceu em uma feira, só que de antiguidades. Escutei uma música – acho que era bossa nova, talvez Sinatra, ou ambas ao mesmo tempo -, vindo de um móvel inspirado na década de 50. Nele, além das caixas de som que o integravam, havia um amplificador antigo, funcionando perfeitamente, e um toca-discos (eles voltaram!).

Tive a oportunidade de conversar com o idealizador do projeto. E fiquei impressionada com a sua criatividade. Folhas de compensado garantem as curvas do móvel. As caixas de som são montadas com alto-falantes italianos. O próprio empreendedor garimpa os amplificadores e faz os reparos necessários. E o toque final está na pintura automotiva que o móvel recebe, cuja cor pode ser escolhida pelo cliente a partir de paletas para carros que, atualmente, são objetos de colecionadores.

E quanto às coincidências? São dois empreendedores trabalhando com som e marcenaria, inseridos, mesmo que indiretamente, no segmento automotivo. Um deles fabrica um produto de baixo valor agregado, justamente aquele que parece ter sido um empreendedor por necessidade. O outro faz o oposto, agregando valor ao produto que criou. Resta saber qual foi a sua motivação para empreender.


[1] Espero que esteja claro que estamos falando de algo que representa um dos maiores desafios dos gestores de grandes empresas.

[2] A pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) de 2013 mostra que 71% dos brasileiros que iniciaram um negócio próprio foram motivados por uma oportunidade. Em 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por identificar uma demanda no mercado.

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Categorias:Blog, Empreendedorismo
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