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Fintechs transformam a indústria financeira

19 de dezembro de 2016 Renata Fontes

Estamos vivendo um momento intenso na indústria financeira. Se, por um lado, temos grupos de trabalho em nível mundial dedicados ao estudo e à promoção da inclusão financeira, por outro, vemos um conjunto de empresas de base tecnológica – as chamadas fintechs, oferecendo competição às instituições financeiras ditas tradicionais, como bancos, seguradoras, administradoras de cartões de crédito. Pode parecer que não, mas os temas estão intimamente ligados. Meus argumentos serão abordados a seguir.

Um pouco sobre a indústria financeira no Brasil…

No Brasil, a indústria financeira sempre apresentou um elevado grau de concentração, que se intensificou no decorrer dos últimos anos. Inclusive, vimos várias instituições serem incorporadas aos principais bancos. Apenas como exemplo, em agosto de 2015, o Bradesco anunciou a compra do HSBC. E, mais recentemente, o Itaú adquiriu o segmento de varejo do Citi Brasil. Em resumo, referidas transações representam uma busca incessante por escala e, em última instância, por maiores retornos (eles estão longe de serem baixos…). Mas ainda preciso evoluir um pouco mais para esclarecer a relação que defendi acima.

Os grandes bancos brasileiros ainda não se especializaram no atendimento da população que mora no interior do país ou pertence às classes sociais menos favorecidas. Dessa forma, temos um percentual elevado de pessoas no país sem acesso a serviços financeiros, o que as torna mais vulneráveis. Esses indivíduos estão mais expostos a questões envolvendo segurança e, além disso, têm o seu poder de compra corroído, pois não conseguem remunerar os seus recursos. De acordo com o Banco Mundial, em 2014, mais de 30% da população adulta no Brasil não possuíam conta em uma instituição financeira.

As fintechs estão chegando!

Um mercado não atendido em um setor rentável representa uma oportunidade e tanto! É aí que as fintechs entram, já que as mesmas estruturam seus modelos de negócios com o objetivo de viabilizar o acesso a produtos e serviços financeiros, a partir do uso intensivo de tecnologia. E, com a disseminação dos smartphones, as fintechs estão proporcionando uma experiência diferente na indústria financeira.

De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2015[1], as camadas menos favorecidas da população brasileira contam com acesso à internet, sendo que este se dá predominantemente por meio de telefones celulares. Segundo a pesquisa, 90% da classe C e 73% das classes DE usaram telefone celular nos últimos três meses. Esses dados demonstram que as fintechs possuem um amplo mercado a explorar…

As fintechs podem contribuir para a inclusão financeira

Não é possível prever qual será o novo equilíbrio da indústria financeira, considerando as instituições já estabelecidas e os novos players, pois todos estão se movimentando. No Brasil, grandes bancos adotaram estratégias bem definidas para se aproximar das fintechs. É o caso do InovaBRA, programa de inovação aberta que busca novos modelos de negócios aplicáveis aos produtos financeiros, ou do espaço de coworking denominado CUBO. Isso demonstra que as instituições financeiras tradicionais reconhecem a importância das fintechs. Afinal, como já dizia minha avó: “se não pode com eles, junte-se a eles”.

Por sua vez, as fintechs estão atraindo vultosos investimentos em todo o mundo. Apenas no Brasil, existem mais de 200 iniciativas[2] explorando os segmentos de câmbio, seguros, empréstimos, pagamentos, gerenciamento financeiro, para citar alguns. Trata-se, sem dúvida, de um novo paradigma no mercado. 

Essas startups têm a possibilidade de fazer a diferença e contribuir para a inclusão financeira da população mais carente, pois rentabilidade e impacto social podem e devem caminhar juntos!

[1] Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros [livro eletrônico]: TIC domicílios 2015. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR [editor]. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016.

[2] Radar FintechLab, edição de 06/2016.

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Categorias:Blog, Serviços financeiros
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